Por Abidias Martins
Quero começar este texto com a brilhante citação de Gabriel Garcia Marquez: “Porque o
jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante
a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se
alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a
palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do
fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido
para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa
profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada
notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz
enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.”
Deste trecho ainda quero destacar a seguinte
frase: “Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja
disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão
incompreensível e voraz...”
Essas palavras definem muito bem o perfil de um
candidato ao posto de jornalista. De fato, é preciso ter nascido para isso, tem
que correr nas veias a paixão por esta profissão, ou do contrário, a pessoa
pode não corresponder às exigências necessárias para o exercício desse ofício.
Muitos demoram a descobrir a vocação e escolha
profissional. Algumas chegam até a fazer testes vocacionais para tentar
descobrir com o que se identificam. Isso não aconteceu comigo! Sempre gostei de
comunicação e nunca tive dúvida de que seria no jornalismo que eu me realizaria
como pessoa e como profissional.
Essa paixão se intensificou quando aos 15 anos
comecei a fazer um programa na Rádio São Luís FM. Fiquei deslumbrado com o
estúdio e com toda a magia envolvida naquela transmissão; coisas que só quem
experimentou desta prática pode entender. Daí por diante tive a confirmação daquilo
que já imaginava.
Escolhi o jornalismo com a certeza de que em
nenhuma outra profissão poderia ser mais feliz e realizado. Escolhi o
jornalismo porque descobri que por meio dele eu poderia contribuir,
efetivamente, para uma sociedade mais justa e igualitária. Escolhi o jornalismo
por acreditar que é preciso atuar em algo que nos faça transpirar de emoção e
prazer, pois o trabalho de nada valeria se não fosse feito com amor. Não
escolhi o jornalismo por causa do salário, aliás, se fosse por isso eu não
escolheria, existem outras profissões em que se ganha muito mais... Também não
escolhi o jornalismo de forma irracional; escolhi com a convicção de que será
necessário enfrentar muitas barreiras para que prevaleça a ética e a
responsabilidade na atuação profissional. Escolhi o jornalismo por amor, e
isso é suficiente para me fazer permanecer nesta instigante profissão até o
fim.
Jornalismo é para mim a mais importante e
fascinante missão a ser cumprida; é a mistura de várias sensações... É parte de
mim...