Por Abidias Martins
Ao compreendermos o real propósito da inserção do
alferes Joaquim José da Silva Xavier,
o Tiradentes, na história do Brasil, percebemos que fomos, por muito tempo,
alienados por um sistema político bastante astuto e estratégico.
Com a independência do Brasil e a instauração da
República no final do século XIX, o mito Tiradentes tornou-se um episódio
relevante para a história do nosso país. A escolha do inconfidente como herói
se estabeleceu pela necessidade de se ter um representante, que correspondesse
aos interesses da classe dominante da época.
Para os republicanos positivistas o que interessava
era que a pessoa escolhida para receber o status de herói, fosse vista como
vítima, e que tivesse morrido pelos ideais da nação, ou seja, um mártir. Não
cabia, entretanto, neste contexto, alguém que incomodasse, ou que fosse
revolucionário. Este fato descartou Frei Caneca de ocupar tal posto, apesar do
mesmo ter sido aclamado por muitos como o verdadeiro mártir da Inconfidência
Mineira. Será que isto não foi uma maneira de reprimir a revolução, ou ao menos
maquiá-la?
Outro fator que merece destaque é a forma de como a
imagem de Tiradentes foi projetada pelo pintor Pedro Américo. Um homem com
semblante abatido, barbudo, humilhado e morto esquartejado nas mãos de seus
inimigos. Isto nos lembra de alguém? Claro, a intenção era fazer com que ao ver
Tiradentes, os cidadãos brasileiros, inconscientemente, lembrassem-se de Jesus
Cristo, e através da religiosidade que predomina sobre a nação, pudessem vê-lo
com olhares piedosos.
Percebemos neste episódio que em nome da liberdade, a opressão se consolidou de forma expressiva.
A frase “Ordem e Progresso”, da Bandeira Nacional,
que foi inspirada na bandeira do Império Português, nos remete a uma conclusão
e a um questionamento: A ordem é uma imposição regulamentada pelo sistema
burguês, que por sua vez defende seus interesses, em outras palavras, para a
burguesia, ordem significa enquadramento; e progresso, para quem?